O Guesa

R$95,00

Autor: Joaquim de Sousândrade
Prefácio de Augusto de Campos
Capa Dura – 16 X 23 cm – 382 págs.
ISBN 978-85-66423-27-3

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Esta edição especial de O GUESA recoloca em circulação o poema capital do autor maranhense Joaquim de Sousa Andrade, Sousândrade (1832-1902), numa edição para colecionadores. Pela primeira vez, desde a última impressão inglesa do fim do séc. XIX, este livro é recomposto e impresso em edição não fac similar, mantendo-se a ortografia da época, num projeto gráfico que recupera a estética oitocentista.

Sousândrade precisou do caos, de um verso em rodopio, de uma linguagem híbrida, que é em si mesma uma quebra da linguagem, um combate com a língua dentro da própria língua.
Essa espécie de tensão bartlebyana o poeta realiza quando torce a língua materna e insere outros idiomas, fragmenta, urra, gagueja, hibridiza, cria cacofonia, dissonância e contraste, choque, aspereza e concisão.
A linguagem se torna inoperante, a língua não é mais suficiente, uma fala apenas não é possível, é preciso uma polifonia, uma multiplicidade de vozes e idiomas. Do francês ao inglês, do holandês ao grego, do tupi ao latim, do português ao italiano, tudo está ali, a Babel repleta de suas confusões pós-intervenção divina. Diálogos poliglóticos exibem uma galeria de línguas e invencionices, rimas impossíveis transformam a fonética não apenas da sua língua, mas até das línguas que estão ali para subvertê-la. Palavras faltam e, portanto, são criadas e recriadas, numa morfologia impensável, como se pertencessem a outros idiomas (e muitas vezes pertencem).
Nesse caos, se entrevê um choque perpétuo, uma destruição constante, uma construção de catástrofes, de ruínas, que inscreve a poesia de Sousândrade, como disse Haroldo de Campos, toda ela num espaço de ruptura. Em sua semântica fugidia, o poema se torna o espaço do singular, daquele que sai do centro (o ex-cêntrico), da não-linearidade, do que não é regular, do fragmentário, do prismático, do monstruoso, do informe. O ritmo não se apresenta mais como ordem, mas como batida, como deformação, não mais a voz, mas o grito, o gesto, a desarmonia ou ainda a dilaceração de toda harmonia.
[Ana Carolina Cernicchiaro]

 


Sobre o autor

Joaquim de Sousa Andrade nasceu no dia 9 de julho de 1833, no Maranhão. Logo após formar-se em Letras e Engenharia de Minas na universidade de Sorbonne viajou longamente pela Europa, América Latina antes de voltar ao Brasil. Durante algum tempo, viveu em Nova Iorque. Essa experiência proporcionou-lhe a oportunidade de conhecer a fundo o sistema econômico capitalista, o qual considerou bastante distante da realidade vivida no Brasil. Filho de fazendeiros latifundiários, Sousândrade, como preferia ser chamado, criticava a aristocracia rural e apoiou as ideias republicanas e abolicionistas em seus poemas. Ao contrário dos poetas da terceira geração romântica, Sousândrade preocupou-se em definir na sua obra uma identidade não apenas do povo brasileiro, mas, sim, de todas as Américas. Em muitos de seus poemas, o autor retrata a vida e a cultura de povos nativos da Bolívia e do Peru e utiliza imagens da natureza para simbolizar a exuberância da natureza americana, sobretudo das áreas ainda intocadas pelos colonizadores. Um tema muito recorrente em seus poemas são as fortes industrializações europeias e norte-americanas e a inversão de valor advinda da postura capitalista.

Peso 0,79 kg