Fedra

R$78,00

Autor: Jean Racine
Tradução: Jorge Henrique Bastos
Capa Dura – 16×23 cm – 102 págs
ISBN 978-65-990468-1-0

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Eis uma tragédia cujo tema foi retirado de Eurípides. Mesmo tendo trilhado um caminho distinto do que o autor seguiu para reger a ação, procurei enriquecer minha peça com o que me parecia mais fascinante na sua. A ele devo as nuances do caráter de Fedra, posso dizer que dele utilizei o que há de mais plausível no teatro. Não me surpreende que tal caráter tenha granjeado venturoso sucesso na época de Eurípides, que seja tão bem acolhido em nosso século, pois possui todas as qualidades que Aristóteles exige ao herói da tragédia, características que estimulam à compaixão e o terror. Com efeito, Fedra não é totalmente culpada, nem inocente. Fora induzida, pelo seu destino e a cólera dos deuses, a uma paixão ilegítima que a aterroriza desde o princípio. Ela usa toda sua diligência para suplantar isso. Opta pela morte a confessar sua paixão por alguém. Ao ser compelida a se revelar, se expressa com embaraço, revelando que o seu delito é mais um castigo dos deuses do que um movimento da sua vontade. Tive a cautela de transformá-la menos execrável do que é nas tragédias antigas, quando decide acusar Hipólito.

Sobre o teatro de Racine, Roland Barthes escreveu:

O teatro de Racine não é palrador – de certa maneira, muito menos do que o de Corneille –, é um teatro em que agir e dizer se perseguem e se alcançam, para em seguida se evadirem um do outro. Dir-se-ia que nele a fala não é ação, e sim reação. Talvez isso possa explicar por que Racine se sujeitou com facilidade às regras da unidade temporal; para ele, o tempo falado não apresenta obstáculos em se ajustar ao tempo real, já que é a realidade que está falando, nela a ação acerca-se do nulo, aproveitando-se da fala desmesurada. Dessa maneira, a realidade basilar da tragédia é essa preleção. Seu lugar é manifesto: interceder na relação de força.


 

Sobre o autor

Jean Racine (1639-1699) é um dos mais importantes dramaturgos do século XVII. Escritor, historiador e poeta é considerado o mestre da tragédia na França e o primeiro autor de teatro a viver do dinheiro arrecadado com a venda de suas obras. Os detalhes na decoração do palco, o texto, a expressividade dos atores foram atributos que o distinguiram do resto dos dramaturgos da época. Órfão de pai e mãe com apenas quatro ano de idade, foi criado pela avó materna Marie des Moulins, viúva, que decidiu levar o neto para um convento fazendo com que Racine recebesse formação acadêmica com forte tendência religiosa, sob as influências teológicas do jansenismo, que enfatizava o pecado como predestinação, negava o livre-arbítrio e sustentava ser a natureza humana por si só incapaz do bem. No entanto, os clássicos da literatura grega e latina eram uma parte fundamental dos estudos que conduziam os intelectuais da época. Embora ele tenha sido enviado pelos jansenistas a Paris para estudar direito, aos 18 anos de idade o interesse de Racine pela arte poética o levou a tomar outro rumo em sua educação. Uma série de sonetos compostos em 1659 lhe valeram boas críticas de Nicolas Boileau, um dos críticos de poesia mais importantes da França, na sua época. Após várias tentativas de obter reconhecimento como poeta, Jean Racine optou por provar sua grandeza como dramaturgo. Isso resultou no rompimento com seus professores jansenistas, que rejeitaram o teatro por considerá-lo uma ilusão. A partir de então, Racine escreveu obras de grande sucesso de público e crítica. Sua notoriedade levou-o a fazer parte da Academia Francesa e em 1674 foi nomeado tesoureiro da França. Em 1679, Racine casou-se com Catherine de Romanet, uma religiosa e intelectual, fiel à religião jansenista. A proximidade da mulher com a doutrina fez com que o dramaturgo se afastasse de sua carreira no teatro e fortaleceu o vínculo que mantinha com a religião.

Peso 0,37 kg
Dimensões 0,15 × 16 × 23 cm