Dez poemas mudados para o português

R$50,00

Autor: Herberto Helder
Plaquete – 22×30 cm – 32 págs
ISBN 978-65-990468-0-3

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As traduções realizadas pelo poeta português Herberto Helder são bastante expressivas e diversificadas. Contudo, esse exercício demonstra uma visão particular do fenômeno tradutório, sem nunca estabelecer uma “teoria” propriamente dita, pois era um autor que evitava teorias, academicismos, discursos institucionalizados. Com seu norteamento habitual, subvertia as condicionantes, mantendo a absoluta independência. Desde a publicação de O Bebedor Nocturno (1968), Herberto Helder esquivou-se de classificar suas versões como “tradução”, batizando-as de “poemas mudados”. Além de reafirmar a expressividade insurrecta, o poeta desterritorializava o horizonte da poesia do Ocidente, apontando o foco dos seus interesses em direção à poesia de povos desconhecidos, de cosmogonias, mitos e tradições orais autóctones, como se procurasse ressignificar o território poético, seguindo uma estratégia pessoal e genésica.
Desnecessário dizer que tal ênfase seja inovadora ou inédita. De Ezra Pound a Augusto de Campos, de Fernando Pessoa a Jerome Rothenberg, grandes poetas sempre buscaram companhias que explicassem um pouco de si mesmos, suscetíveis de fortalecer a própria voz, ou simplesmente expor sua admiração através do diálogo atemporal. Herberto Helder procurou se cercar de autores com os quais parecia manter uma contínua transfusão de forças e inquietações. Dir-se-ia que o poeta, sem jamais se assumir como mentor ou oráculo, captura poemas dissonantes, mas que produzem um efeito singular, abrem janelas extraordinárias. Ou seja, todos os autores são determinantes, todos os poemas são mudáveis, independente da língua, cultura ou civilização a que pertencem. O que se torna imperativo é o aspecto genuíno, as plasticidades renovadoras, a força motriz do poema que faz mudar o leitor. (Jorge Henrique Bastos)


Sobre o autor

Herberto Helder de Oliveira (1930–2015 [1]) é considerado o “maior poeta português da segunda metade do século XX” e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa (PoEx).  Sua aversão a tornar-se figura pública adorada, recusando homenagens, prêmios ou condecorações e negando-se a dar entrevistas ou a ser fotografado criou uma atmosfera misteriosa em torno da sua pessoa.
Em 1994 foi o vencedor do Prêmio Pessoa, que recusou. A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio. Em 1964 organizou com António Aragão o “1.º caderno antológico de Poesia Experimental” (Cadernos de Hoje, MONDAR editores), marco histórico da poesia portuguesa. Escreveu Os Passos em Volta, um livro que, através de vários contos, sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano. Poesia Toda é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha suas traduções. Alguns dos seus livros desapareceram das mais recentes edições da Poesia Toda, rebatizada Ofício Cantante, nomeadamente Vocação Animal Cobra.